quarta-feira, julho 12, 2006

Visão

Hoje tive uma visão. Estranha.
Ias comigo, lado a lado, a passear. Nada diziamos, nada falávamos porque as palavras seriam inúteis, quaisquer que fossem.
Olhei-te. Mas, quando te olhei, não te vi. Vi-te, mas não eras tu. Tinhas uma espécie de manto que te cobria e eu não te conseguia alcançar.
Sorrias. Sorriso calmo, apaziguador mas que me deixava nervosa e tensa com a visão que estava a ter.
Olhavas-me, fixamente mas o olhar era perdido e tentava desifrar toda a minha inquietação.
Continuámos assim durante algum tempo. A olhar. A contemplar, tal como nunca nos tivéssemos conhecido.
Apesar de toda a confusão que pairava em nossa volta, o mundo, para nós, parecia ter parado.
Eu questionava, sim. Já questionava tudo. Nada parecia real e tudo parecia parelelo à minha vida.
Senti-me confusa e a tensão cada vez subia mais e sufocava-me. Os pensamentos surgiam e emaranhavam-se da minha mente como uma mosca caída na teia de aranha.
Tentei parar aquilo, sentir-te ali mas tu não estavas. tentei encontrar-te mas perdi o teu rasto.
Foi a primeira vez que me senti desconfortável diante de ti.
E fui.

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